OS VERSOS HÃO E OS POETAS SEMPRE ESTARÃO VIVOS
Antes que os poetas hajam frios nas tépidas frases
Mesmo que a chaga replicante e encarnada se avizinhe
Inda que as sombras montem varais às tuas solidões
Mesmo que falsos os plurais, que hajam muitos
Para que sorria a vida, para que sorria a vida.
Logo que a brisa olvide das Malváceas que o verão açoitou
Logo, antes que a lua convulsione o duro do amor
Antes que seja preciso a precisa intervenção da dor
Mesmo que haja pílulas a dourar o holocausto
Inda que tenhamos, descalços, tais falsos poetas e escravos do verso.
Mesmo que a aliança com as prímulas murchem com o tempo
Inda as maleitas, inda os ouvidos delicados e, sobretudo, imbricados
Mesmo que se perca a real idéia de sorver a essência
Logo, logo... imploro que seja em breve!
Antes que chorem as lontras pelo peixe ferido.
Antes que o mundo se inunde
Mesmo que forcem a paz e o aprendizado
Inda sim, haverá assaz rancor a colher na manhã de Sábado
Mesmo que a solicitude destempere a tampa amolgada e vazia
Logo que se incite, de vez, a vida a viver.
Para que o Outubro dance Chopin
Para que as liras enternecidas e rasinhas, leiam-se
Para que a casa e o catre escondido no tempo voltem a sustentar a alma ressequida de glória
Inda que existam as malícias, haverá, sempre, o verso
Mesmo que seja tarde, haverá um pôr do sol a vislumbrar... e a poetizar!