O AFETO É A AUTÊNTICA ENCARNAÇÃO DO AMOR

O afeto, ladrão daquelas coisas

Rompe o cio na amainada leda lua

Tange e aperta como nó sem cor

Lambisca outros modos a colocar a par.

O afeto tarda, às vezes

De manhã, no aplainar das coisas

Cego o tino; a perambular, soturno

Só para lhe dizer que há.

Tal afeto, eu hei de o perquirir

Como anjo sem cauda, na penumbra

Ante o ritmo dançante da adaga

Leva-nos ao plágio por vezo do comum.

Só para lhe dizer que o afeto

Rasga as sépalas oriundas e ingênuas

Que gritam, mascaram e se orientam

O afeto fede a enxofre lábil, mas se propaga.

Entre pernas, corpos e ardências

Com a parte insana do gozo a nos margear

Traga de ti, o “se” do afeto e lhe dou o “ah!”

Contra muros e labaredas, no suplicar.

Só para lhe dizer que o afeto corrói

Irmão do fleimão doce, sereno e cáustico

Que rasura, que nos traz à tona, que esmerilha

Que divaga.

Entre rumos e azinhagas, perdemo-nos nas entranhas

Donde liras são brotadas, donde céus são criados

E uma santa beatitude se esvai em poesia

Em suma, o afeto é a autêntica encarnação do amor.

Cesar Poletto - www.fortunaliteraria.net

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 27/04/2010
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T2222858
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