O poste

De fronte da minha casa
Havia um poste
Que tudo assistia
Que tudo ouvia
O poste que eu via
Da minha janela
Era um tempo que eu sonhava
Com um amor que me amava
E o poste permanecia
Inerte
Enquanto o tempo passava
Eu crescia e divagava
Pensando no amor que viria
Mas o que eu não sabia
Era como é dificil amar
Sem ser amado
Porque é preciso amar primeiro
É preciso saber suportar
A falta de amor
É preciso saber esperar
O amor chegar
É preciso saber encontrar
O ser amado
Que às vezes é como o poste
Que eu via da minha janela
Na frente da minha casa
Frio e inerte
Brinca com os meus sentimentos
Tudo vê, tudo assiste
Sem se importar se estou triste
Amor que quer ser amado
Que cobra um amor velado
Da forma que planejou
Amor cem por cento perfeito
Que me quer sem defeito.
De fronte da minha casa
Ainda há um poste
Cheio de memórias
Amparo de muitos amores
Testemunha de muitas dores
Namoros rompidos
Cenas sórdidas de amor intenso
Cenas romanticas de amor imenso
Namorados comprimiam as namoradas
Namoradas deleitavam sobre os namorados
E o poste parecia inclinar-se
A medida que o tempo passava
Como o vento move as montanhas de areia nas dunas
Da minha janela
Eu vejo o poste no mesmo lugar
Na noite vazia ao luar
Ao lado do amor eu me sinto só
Com saudade de um amor
Que não pode me amar
Que não pode ou não quer me amar
Da janela da minha memória
Eu vejo o poste
Que tudo ouviu
Que tudo assistiu
Mas não guardou as lembranças
É frio e inerte como eu precisava ser
Pra não sentir a dor de amar
E não ser amado
Eu queria ser como aquele poste