Rumor dos Dias

Para a Ana Cris M

O dia era longo, queríamos os dias como um dia único, estendido até ao mar – que desce ao fundo dos vidros. Cada hora inscrita num anel de árvores, a relva do jardim e outras árvores. O verde era mais azul, morada que fica na orla da memória. A água das fontes, deslizava os olhos pelo asfalto da estrada. Como se voltasses com o vento ao lugar dos teus lábios acesos na paisagem.

Pensei nas palavras de um encontro em imagens, da luz matinal correndo num vértice de coágulos sobre as paredes brancas. Sabia do espelho do teu corpo mesmo ausente na sombra da noite. É verdade, abro as janelas à cintilação do mar, nós percorremos a névoa da marginal ao som das aves do crepúsculo. Esse arco próximo dos dedos. Agora em silêncio – a tua voz ainda real no rumor dos dias.