EM FRENTE À SOLIDÃO EU SENTEI E CHOREI
 
 
Era noite de natal e todos haviam viajado.Voltei do trabalho cansada desejando que o cansaço me vencesse fazendo-me dormir para esquecer que estava sozinha com os meus cães. Qual nada! Parece que nestes momentos a adrenalina sobe a mil e ficamos mais acesos do que nunca . Bebi uma taça de vinho tinto para comemorar o que não havia para ser comemorado.Comi algumas nozes e sentei-me em frente à TV para beber as notícias com os olhos impedindo a mente de pensar.

Ao meu redor os pensamentos como crianças traquinas sorriam um sorriso que mais se assemelhava a um maquiavélico esgar.Não me deixei intimidar.Dialoguei com os personagens alimentados na minha imaginação.Cantarolei algumas canções mais alegres como se estivesse borrifando antissépticos contra o tédio e a amargura.Até chupei uvas escuras,doces como favos de mel. Elogiei-as pelo delicioso sabor.

Assistia-me!

As minhas ações eram mecânicas, sem entusiasmo e sem alegria . Robotizava-me! Então, quando a gota tocou no leito sereno da amargura e da dor, este transbordou. Deixei vazar todo o pranto contido como uma represa que abre as suas comportas evitando o rompimento das suas paredes.A alma serenou qual uma pétala orvalhada. Decidi então ser a hora de dormir pois que deveria levantar-me cedo para novamente ir trabalhar.


Adentrei o meu quarto vazio.Os poodles acompanharam.-me. Fitei-os e agradeci a Deus pela companhia pura e desinteressada daquelas duas criaturas.Orei e me deitei. A insônia sussurrou segredos ao meu ouvido. Inquieta levantei-me do leito e pude vê-la olhando-me com olhos de piedade e censura.Fitei-a demoradamente , olhos nos olhos.


Rendi-me aos seus encantos. Não havendo possibilidades de fugir dali e esconder-me , sentei-me em frente à solidão e chorei!

abçs,

**Um texto real.


(reedição)
 
Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 06/05/2010
Reeditado em 17/05/2016
Código do texto: T2241600
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