LOUCURA, UMBANDA, SUBJETIVIDADE

LOUCURA, UMBANDA, SUBJETIVIDADE

Tendo como mote loucura e subjetividade, diria que a minha experiência pessoal com a loucura, se deu de forma mais grave em 1996; a despeito de ter tido recaídas e crises, mas sem internação em 2001, 2002 e uma rebarba rápida em 2004.

Um psiquiatra chegou a me diagnosticar esquisofrenia, mas o meu psiquiatra atual ( estou com ele desde 2003) resiste a me dar um diagnóstico definitivo. Por hora ele me prescreve uma medicação para depressão, insônia e para sua suspeita: transtorno obsessivo compulsivo.

Quando não uso anti-depressivo, sinto desânimo e indisposição total para trabalhar, estudar e fazer o que mais gosto: ler.

Contrariando os naturebas, a minha insônia não se resolve com chasinho de cidreira e a minha depressão não se resolve com banana (fruto que dizem ser ótimo para depressivos metabolizarem potássio). Sinto a diferença quando não tomo ou não tenho em casa clopromazinha, amitriptilina e fluoxetina. Reconheço que a alopatia dessa medicação é pesada e deve ter efeitos colaterais doideras.

A pergunta que me faço desde 1993 é se sou louco ou se sou médium, pois foi esse ano que comecei a ver vultos no meu quarto de madrugada.

De 1993 a 2002, frequentei e estudei a doutrina espírita kardecista pra tentar entender o motivo de um cara, que lia Marx e Freud, começar a ter alucinações visuais.

De inicio percebi logo os problemas das casas espíritas: autoritarismo, alienação política, assistencialismo e práticas burguesas. E a doutrina, em si , não conseguia esmiuçar a fenomenologia que acontecia comigo.

Em 2002 o meu contato com os anarquistas foi se intensificando, por isso a convivência com os espíritas foi ficando insuportável e, por coincidência ou não, conheci a umbanda esotérica iniciática nessa época.

Na Cabana Luz do Congo, único lugar em Fortaleza que desenvolve a Umbanda Esotérica, há uma biblioteca. Lá eu pude ter acesso a uma bibliografia umbandística genuína e lendo comecei a entender melhor os mecanismos do invisível e do mundo astral.

Atualmente quando estou fragilizado por alguma ansiedade do cotidiano, às vezes, volto a ver ou ouvir os vultos no meu quarto mas sem a intensidade desagradável de antes. Assim, a impressão que tennho é de que a umbanda está me curando, Ou melhor dizendo: está sintonizando melhor os meus canais de percepção.

Hoje tentando entender as crises de 1996, 2001, 2002 e 2004, vejo que tudo passou por momentos em que a minha subjetividade foi alagada pelo meu inconsciente.

Ficar psicótico pra mim foi passar a usar sistemas de explicação da realidade totalmente pessoais, ou seja, em perdas momentâneas de contato com a realidade. Momentos dolorosos de puro delírio.

Lembro que em 2002 eu lancei um artigo na Internet e passei a acreditar que o texto expunha informações que mudariam o destino da humanidade. Ou seja, um delírio megalómano total. Hoje, distanciado no tempo e depois de psicoterapia, reconheço que o texto era bem escrito, mas não o suficiente para alterar a órbita de Júpiter.

No momento estou lendo muito sobre saúde mental. Acho interessante a Somaterapia de Roberto Freire. Quer dizer, acho mais interessante todo o percurso de leituras que Freire teve para criar a Somaterapia, do que propriamente o resultado final. Considero curiosa a maneira pela qual a proposta de Freire nega Freud, Jung, retoma Reich e revê a antipsiquiatria de Gregory Bateson, R. D. Lang e Franco Basaglia e a Gestalt de Frederick Perls.

Também gostaria de ter mais acesso a parte da obra de Antonin Artaud, que trata da loucura.

Para finalizar, gostaria de analisar o Arcano Zero do tarô ( O Louco). No tarô de Marselha, vê-se uma andarilho com uma troucha de roupas próximo de um abismo. A minha interpretação é de que o Louco é o arquétipo do idealista, do herético, do poeta, do largado (drop-out). Ou seja, aquele indivíduo que resolve apostar no seu caminho pessoal, perdendo os vínculos com o emprego chato, com o casamentoLOUCURA, UMBANDA, SUBJETIVIDADE

Tendo como mote loucura e subjetividade, diria que a minha experiência pessoal com a loucura, se deu de forma mais grave em 1996; a despeito de ter tido recaídas e crises, mas sem internação em 2001, 2002 e uma rebarba rápida em 2004.

Um psiquiatra chegou a me diagnosticar esquisofrenia, mas o meu psiquiatra atual ( estou com ele desde 2003) resiste a me dar um diagnóstico definitivo. Por hora ele me prescreve uma medicação para depressão, insônia e para sua suspeita: transtorno obsessivo compulsivo.

Quando não uso anti-depressivo, sinto desânimo e indisposição total para trabalhar, estudar e fazer o que mais gosto: ler.

Contrariando os naturebas, a minha insônia não se resolve com chasinho de cidreira e a minha depressão não se resolve com banana (fruto que dizem ser ótimo para depressivos metabolizarem potássio). Sinto a diferença quando não tomo ou não tenho em casa clopromazinha, amitriptilina e fluoxetina. Reconheço que a alopatia dessa medicação é pesada e deve ter efeitos colaterais doideras.

A pergunta que me faço desde 1993 é se sou louco ou se sou médium, pois foi esse ano que comecei a ver vultos no meu quarto de madrugada.

De 1993 a 2002, frequentei e estudei a doutrina espírita kardecista pra tentar entender o motivo de um cara, que lia Marx e Freud, começar a ter alucinações visuais.

De inicio percebi logo os problemas das casas espíritas: autoritarismo, alienação política, assistencialismo e práticas burguesas. E a doutrina, em si , não conseguia esmiuçar a fenomenologia que acontecia comigo.

Em 2002 o meu contato com os anarquistas foi se intensificando, por isso a convivência com os espíritas foi ficando insuportável e, por coincidência ou não, conheci a umbanda esotérica iniciática nessa época.

Na Cabana Luz do Congo, único lugar em Fortaleza que desenvolve a Umbanda Esotérica, há uma biblioteca. Lá eu pude ter acesso a uma bibliografia umbandística genuína e lendo comecei a entender melhor os mecanismos do invisível e do mundo astral.

Atualmente quando estou fragilizado por alguma ansiedade do cotidiano, às vezes, volto a ver ou ouvir os vultos no meu quarto mas sem a intensidade desagradável de antes. Assim, a impressão que tennho é de que a umbanda está me curando, Ou melhor dizendo: está sintonizando melhor os meus canais de percepção.

Hoje tentando entender as crises de 1996, 2001, 2002 e 2004, vejo que tudo passou por momentos em que a minha subjetividade foi alagada pelo meu inconsciente.

Ficar psicótico pra mim foi passar a usar sistemas de explicação da realidade totalmente pessoais, ou seja, em perdas momentâneas de contato com a realidade. Momentos dolorosos de puro delírio.

Lembro que em 2002 eu lancei um artigo na Internet e passei a acreditar que o texto expunha informações que mudariam o destino da humanidade. Ou seja, um delírio megalómano total. Hoje, distanciado no tempo e depois de psicoterapia, reconheço que o texto era bem escrito, mas não o suficiente para alterar a órbita de Júpiter.

No momento estou lendo muito sobre saúde mental. Acho interessante a Somaterapia de Roberto Freire. Quer dizer, acho mais interessante todo o percurso de leituras que Freire teve para criar a Somaterapia, do que propriamente o resultado final. Considero curiosa a maneira pela qual a proposta de Freire nega Freud, Jung, retoma Reich e revê a antipsiquiatria de Gregory Bateson, R. D. Lang e Franco Basaglia e a Gestalt de Frederick Perls.

Também gostaria de ter mais acesso a parte da obra de Antonin Artaud, que trata da loucura.

Para finalizar, gostaria de analisar o Arcano Zero do tarô ( O Louco). No tarô de Marselha, vê-se uma andarilho com uma troucha de roupas próximo de um abismo. A minha interpretação é de que o Louco é o arquétipo do idealista, do herético, do poeta, do largado (drop-out). Ou seja, aquele indivíduo que resolve apostar no seu caminho pessoal, perdendo os vínculos com o emprego chato, com o casamento tradicional, com amizades superficiais, enfim, com uma vida cheia de segurança e cheia de tédio também. Nessa aposta no desconhecido, o louco pode ter recaídas ou remorso ( representada pelo cachorro que morde sua perna) ou não perceber o abismo a sua frente. O abismo, pra mim, simboliza o inconsciente. Lugar em que ao mergulharmos podemos esbarrar em nossos monstros e sombras interiores.

charlesodevan@yahoo.com.br

Poeta e ensaísta. tradicional, com amizades superficiais, enfim, com uma vida cheia de segurança e cheia de tédio também. Nessa aposta no desconhecido, o louco pode ter recaídas ou remorso ( representada pelo cachorro que morde sua perna) ou não perceber o abismo a sua frente. O abismo, pra mim, simboliza o inconsciente. Lugar em que ao mergulharmos podemos esbarrar em nossos monstros e sombras interiores.

charlesodevan@yahoo.com.br

Poeta e ensaísta.

charles odevan xavier
Enviado por charles odevan xavier em 25/08/2006
Código do texto: T224893