GARÇA CINZA

Nem branca, nem real
Vivendo no meio do pantanal
Savacu: um de seus nomes
Quem sabe o que se passou
Foi bicho que te comeu
Se caymam que lhe fez mal
Ou apenas no seu ninho mexeu
Não foi isso o acontecido
A garça-cinza que voou
E junto com ela levou
Uma flecha
Atravessada no seu peito
Isso não é, do interior, uma lenda
É o bicho que na procura
Alguém que lhe dá mais valor
Mas nem sempre a oferenda
Vale à pena, traz somente a dor
Aquilo que já está feito
Não muda mais o destino
Garça cinza não é branca

São Paulo, 06/11/2006