Depois

Fico no silêncio para sentir o tempo, atrás do dia tão leve como o vento e a luz cindida nas arestas da sombra, só o tempo sob o lume dos olhos. Porque olhar era ficar nessa vida que foi da ausência a sua sombra. Voltar atrás por uma noite, em alguma noite iluminada desde o fundo daquela outra noite de outra vida. Olho nos vidros as imagens que ficaram, a linha da areia e o mar, a claridade presente no friso de um adeus. As imagens que ficaram por dentro das pálpebras, a voz íntima de um nome ao ouvido do silêncio. Depois. Os ombros se trocaram na ausência ou os lábios cindidos na orla emocionada daqueles lábios. Depois. Era o vento deslizando pela névoa límpida do meu rosto.