SURREAL
Chovia...
A areia sedenta bebia o néctar das nuvens.
O vento trouxe a chuva para fazer amor com a terra, no bailado dos elementos, balouçando a folhagem enquanto cantava para sua amada.
A volúpia deu lugar ao sonho, onde sonho e realidade se misturam, onde a lua madrepérola mergulhava no oceano fundindo-se ao horizonte num céu de safira.
E todas as águas entoaram seu canto, no acalanto dos amantes.
Gemidos e estertores em frêmitos crescentes na explosão da lava incandescente, fogo da terra respondendo ao seu amado, jorros em gozo e êxtase de paixão.
Tsunamis lépidos invadiam as praias, beijando as montanhas antes de recuarem seu bailado de beleza e morte.
Ciclones uniram-se as águas em epopéia, como gigantes entrelaçados em derradeiro abraço. Pigmeus, duendes, fadas, seres encantados carregados pelo vento fazendo a corte a sua amada... e o céu por testemunha, emudecia ante tanta maestria.
Cinzas de vulcões ancestrais cobriram o sol, e as geleiras imortais sucumbiram ao calor da terra, derramando-se em lagrimas de encanto e saudade.
Numa fração do tempo, lá onde o tempo não conta de verdade, e tudo acontece porque tudo é possível, o vento levou a chuva para encantar sua amada, e os elementos fizeram amor enquanto amanhecia.