De volta ao passado

Como esquecer os sorrisos

os silêncios acompanhados

de tantas emoções indecifráveis

mesmo acreditando que controlamos

os nossos instintos

o nosso destino...

Seria ingenuidade pensar

que o amor que um dia

sem sequer pedir permissão

e se instalou dentro do meu peito

num compartimento tão sagrado

como um oráculo

não fosse deixar máculas

profundas que seguiriam

torturando-me e ao mesmo tempo

fazendo-me ansiar

o retorno a seus braços...

Os raios prateados da lua

numa noite linda fazem

com que volte aos velhos tempos

onde a felicidade se fazia constante

nos meus sonhos

de adolescente.

Viajo numa canção

sussurrada aos meus ouvidos

me fazendo sentir

a pressão candente de seus dedos tocando-me de maneira suave

o sabor do seu beijo

competindo

com o aroma do seu corpo

o contato da sua língua quente

acabando

com a minha resistência...

Como não permitir a invasão

desse passado que luta

desesperadamente

para me envolver num conteúdo

que só queria esquecer?

Teimo em despertar o desejo

adormecido com toda a força

que me queima ainda de paixão

como se o tempo tivesse parado

naquela noite em que o luar

filtrava e revelava o nosso amor

em tons de prata...

Fecho os olhos na tentativa

de exorcizar o passado

mas tudo o que encontro

é a tortura diabólica e suave

que consegue

depois de tanto tempo

despertar

uma nova onda de desejo insaciável

e... tão sensível a seu toque!

Sei que é absurdo acreditar

que existe futuro para nós

porque mesmo te amando

não poderia perdoar

todo o mal que me causou.

Não seria possível esquecer

os espinhos agudos que atravessaram

meu coração.

Meus sonhos e anseios

há muito se esfumaram no ar

em destrutivos momentos

do meu passado...

bette vittorino
Enviado por bette vittorino em 28/08/2006
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