Ridicularmente in love...

Fernando Pessoa disse certa vez "Todas as cartas de amor são ridículas" e certamente o são, mas quem sou eu senão uma mulher ridicularmente apaixonada? Escrevo cartas de amor banhadas em lágrimas de dor e prazer, de lembranças, cheiros e gostos. Escrevo porque revivo cada momento aprisionado nas minhas folhas repletas de vida. Que medo tenho eu de parecer ridícula? Sem ser assim, não sou eu mesma. Sem ser assim pretenciosamente poética sou só a sombra de quem poderia ser. Certa vez disse que o deixei ir porque fui primeiro, pois voltei a tempo e o trouxe comigo nessa jornada sem fim. Desisti de fugir, de lutar contra esse amor que me torna ridícula, infantil, boba. Parei de esconder o brilho dos meus olhos ao vê-lo, de controlar os suspiros de prazer ao lembrar de nós dois juntos, de engolir os "eu te amo", "eu te quero", "preciso de você ao meu lado" com medo de parecer ridícula. Por isso escrevo, falo, grito: "Amo, portanto sou ridícula!" E há tantos outros por aí que ao me acharem ridícula, na verdade invejam por não poderem ser assim também, assim criança, assim real, assim amada... Mas como diz a letra de uma música de um amigo meu: "se entregue, pra se achar". Foi o que fiz: me entreguei e tenho me achado todos os dias, pedacinho por pedacinho a cada olhar cúmplice, beijo apaixonado, a cada manhã em que acordo com meus pés tocando os dele, a cada eu te amo dito e ouvido, a cada arrepio, sussuro, suspiro. E para nunca perder isso tudo, quero buscar eternamente o que já sei que tenho dentro de mim...um ser eternamente ridículo!