ONDE ANDA VOCÊ ?

Tarde comum como a mais comum das tardes...

Nas ruas de claridade pálida deslizam

apressados e barulhentos automóveis...

Gente que caminha num vai e vem interminável...

Velhos aposentados jogam dama na praça...

Crianças saltitantes com suas mochilas pesadas

apressam-se no retorno... Tudo fluindo numa tarde comum.

Um elevador preguiçoso, convida-me ao desembarque,

é Dia das Artes... Motivo de festa...

Gente alegre...

Artistas diversos expõem suas obras, declamam seus versos...

Muitos corredores, inúmeras salas...

Entrei sem bater na sua porta escancarada,

acolhedora e amiga, de olhos bonitos... Sorriso franco...

Ressoam ainda suas palavras... Acolhi com prazer seu desabafo...

Ouço ainda sua voz macia inconformada...

Guardo em mim seu rosto expressivo,

miúdo e delicado...

O giro cadenciado da roda do tempo,

distancia a cada segundo aquela tarde,

mas não ofusca as lembranças...

Aquela tarde não foi comum...

As tardes já não são comuns...

Tenho saudades.

Cosme Belizário
Enviado por Cosme Belizário em 29/08/2006
Reeditado em 29/08/2006
Código do texto: T228074