Das cores: o abismo
Não para encher o abismo,
senão para amar-te até o fundo de teus abismos.
(Hélène Cixous)
com os dedos cheios de vento [versos em redemoinhos],
escrevo tua boca num poema. boca amada, eis aqui tua boca,
entre as roseiras da minha minha saliva,
desaparecida no meio dos nomes que te dou, suplico que exista.
pelas gretas tua sombra, [entrelaçada na noite feita de estrelas],
entra como eu:
em cada espaço sem limite: entre meus lábios e os teus.
na tua mão a fonte de minhas carícias. escreve. o texto. eu escrevo
sob o signo do corpo. amando. meus gritos:
mil espinhos na garganta canta pássaros. quando a queda é voo,
sobre o nada, pois o céu é meu quando não me pertence.
ah boca amada cheia de nomes que desconheço,
minha vertigem tua boca cheia de silêncios que escuto,
meu abismo tua boca cheia de fome que me sacia