Sugue a Primeira Orelha

Imagine, primeiro sem medo e com vontade

Uma imensa vontade, como se fosse sua primeira e ultima vez

Como se alguem lhe arrancasse as golas

Como se todo o mundo ao redor, continuasse parado, olhando para vocês

Alguma coisa grande sobre você, escorregando, como uma enguia

O mundo continua

Com doces sonhos

Repentinos e inimaginaveis

Vamos parar de falar de tortura

Vamos falar de sonhos menos amargos

Seu ouvido, pele... um pedaço de carne

Branco, mordido, cheirado, lambido, sugado

Com sofreguidao

As indicações correm em nossas veias porque já sabemos os que fazer.

Alguem quer ser usado por você, alguem quer estar sobre você, alguém quer ser você.

E tudo aponta para todas as direções: ela para frente, ele para um dos lados.

Queremos mostrar como somos romanticos, queremos indicar como agir, queremos induzir para o local certo, queros introduzir nossos focinhos em lugares que não nos pertencem... queremos ser cachorros, queremos ser gatos.

Suas mãos, os lábios dela, as costas, as unhas, o bico, os bicos, vários bicos, muitos bicos, milhares de bicos... são tantos, que nos perdemos em locais desconhecidos, e olhamos para os olhos errados, que não são donos dos bicos, não são donos da cama.

E o ápice vem meio desavisado

Meio sem jeito

No meio de pares de pernas, no meio de pelos e unhas

No meio de fluídos sebosos que escorrem pela boca como vinho azedo

Maria Aguilar
Enviado por Maria Aguilar em 30/08/2006
Código do texto: T228981