ÁGUAS PROFUNDAS

Em que momento perdi a direção da minha vida?

Navegava em águas tranquilas, rota planejada e rumo conhecido. Em que momento perdi meu leme?

No silêncio de águas profundas tento me lembrar...o silêncio...ainda estou na superfície, mas o silêncio...

Teria sido na última tempestade? O céu repentinamente escureceu, o mar tornou-se revolto e agressivo, o barco jogava sem controle hora para um lado...hora para outro...

Foi rápido...ou talvez tenha levado incontáveis minutos...não sei. Em algumas situações perdemos facilmente a percepção do tempo.

Quando me dei conta, a tempestade havia passado, o céu estava claro, o mar serenou, mas não tinha mais o leme para me direcionar.

No horizonte podia-se vislumbrar o prenúncio de nova tempestade; quando? Não se podia afirmar, mas ela estava lá, formando-se, fortalecendo-se para desaguar o volume aprisionado de energia.

As ilhas estavam por ali, umas mais próximas, outras um pouco mais distantes...se eu pudesse chegar até elas estaria segura, ao menos a princípio. Mas eu não queria essas ilhas. Queria meu leme de volta.

Penso em dar braçadas vigorosas e retomar meu destino, mas seria uma atitude exaltada que me levaria a um intenso desgaste físico e emocional, e reduziria minhas forças mais depressa.

O vento suave sopra incessante, o silêncio permanece...sinto-me cansada...o perigo ainda está longe.

Recosto, ergo os olhos para o céu que abraça o sol que já se põe e adormeço, com a esperança de que a maré me devolva o leme da minha vida.

Rose Elizabeth Mello
Enviado por Rose Elizabeth Mello em 03/06/2010
Reeditado em 03/06/2010
Código do texto: T2297590
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