BUSCANDO ELEGÂNCIAS

Eis que me vem à face

Gélido e maculado

Exsudado mosto, gosto

Poema de superfície

Ideal para tais gemas florais

Eis que me vem o tino.

Nulo desgosto, apreciado colostro

Eis que me à boca

Lamparinas dentárias de estrelas de mel

Pedra, palanque, vitrola jeitosa

Vai ao pico com essa gente curiosa

Eis que me vem à idade.

Senhor do tremor, anjo esvaído

Que sabe do assombro, cai em vigília

Eis que me vem a ilha

Náufrago na jangada da vida

Iodado bócio cheio de escamas

Eis que me vem a cama.

Deitado ao leito dos cogumelos selvagens

Paredes de retóricas curvas

Notas pregadas na nudez da aurora

Eis que me vem a chave

Tenho hora na demora do canto

Na brancura do manto, vem-me, enfim, a pureza.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/09/2006
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T231224
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