BUSCANDO ELEGÂNCIAS
Eis que me vem à face
Gélido e maculado
Exsudado mosto, gosto
Poema de superfície
Ideal para tais gemas florais
Eis que me vem o tino.
Nulo desgosto, apreciado colostro
Eis que me à boca
Lamparinas dentárias de estrelas de mel
Pedra, palanque, vitrola jeitosa
Vai ao pico com essa gente curiosa
Eis que me vem à idade.
Senhor do tremor, anjo esvaído
Que sabe do assombro, cai em vigília
Eis que me vem a ilha
Náufrago na jangada da vida
Iodado bócio cheio de escamas
Eis que me vem a cama.
Deitado ao leito dos cogumelos selvagens
Paredes de retóricas curvas
Notas pregadas na nudez da aurora
Eis que me vem a chave
Tenho hora na demora do canto
Na brancura do manto, vem-me, enfim, a pureza.