Vende-se alma, aluga-se corpo

Na imensidão inútil desta caótica esfera, onde corpos e almas se decompõem tão naturalmente, onde figuras difusas dilaceram-se mutuamente, onde me encontro.

Há chamas infernais por todo lado, há sangue novo espalhado pela terra virgem, há gente que desejou esse estado toda uma vida, vendo nascer vermes por seus poros.

Entre risos descontrolados e falsas amizades, correntes gastas moem-me os ossos, corroem a carne e no espelho em que me vejo, não me reconheço como um esquálido espantalho ali preso.

De um milagre eu já desisto, vendo minha alma e alugo este corpo para que dele alguém tire proveito.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 03/09/2006
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