Cinzas do Tempo

Minha maré de tristeza recua este mar salgado,

que foge a minha aflição, presa de lembranças,

represa de filme antigo na memória desenhado,

cujos personagens foram velas cheias, imensas,

afundadas em instantes que o amor ensolarou,

quando’inda não conhecia treva a minha alma,

virgem das dores e dissabores,ela já suspirou.

Ah, já estremeceu no êxtase de estar na chama!

Na pausa da dor permeando amor e amargura,

sinto um alento de oásis, uma passagem festiva

entr'os acordes de chor'e riso,culpa e tortura,

como quem resgata o almo frescor d’uma selva!

Memórias as cinzas do tempo não esvaeceram

daquela paz que ainda me envolve e me abraça,

suprema, que enquanto saudosa fraquejo passa

e acorda antigos dias de sol que me encorajam!

Santos-SP-03/09/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 03/09/2006
Código do texto: T232048