TEIAS DE DESTINO*

Viajo na turbulência da correnteza, não sou rio, nem ponte... sou leito que permite ao rio ir-se e a ponte unir... não vou, estou...interessante é que estando, não sou...

Diques emocionais podem explodir ou... implodir... afogando o leito do rio em avalanche.

Coração pergunta aos deuses se eles não se cansam da imortalidade... As respostas engoliram as perguntas no caos total da insanidade pura...

e nada restou da paz, do amor, do perdão.

No fluxo das eras mergulho na eternidade onde fim e começo são conceitos da ilusão, porque o tempo é atemporal.

Sigo como as águas em mutação... leito, pedra, folha, rio... oceano cósmico em revolução.

Busco, procuro, esmiúço teorias quânticas em tratados filosóficos e estórias de faz de conta.

Perco-me no reino dos seres antológicos, mitos antropomórficos.

Entre porquês e por quês tento aproveitar a viagem que é viver...

Átomo que vaga entre realidades de mundos inimaginados, apenas sonhados em loucas fantasias. Sou cria do impossível estabelecendo contato, reverberando nos sons que se fazem canções.

Viajo nos ventos turbulentos entre galáxias inexploradas, encontrando ecos há muito esquecidos.

Perco-me nas chamas sagradas de memórias perdidas entre terras e céus, e o que os une e separa.

Sou ponte que nunca saiu do lugar para percorrer a estrada que leva ao infinito, contudo, um grito, eco que nunca está, busca ser.

Viajo nos limites permitidos das leis estabelecidas por inteligências desconhecidas, quebrando barreiras, deixando rastros, seguindo pegadas...

Teço, no fio das palavras, teias de destino...