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TENHO FOME DE LUA. TENHO SEDE DE ESTRELAS


Sucumbem, na noite fria,  pensamentos rasgados e sentimentos surdos à fala da alma.
 
Então, me pergunto:
 
Qual é a intenção do vento que impreciso, sem juízo e estranho, entranha no essencial de meu cotidiano, na colagem de meus dias, fazendo-me transpirar no puro e no simples do quando, à minha maneira, desenho-te no passado dos sentidos gravados em minhas lembranças? 
 
Qual é a intenção do vento que, com os seus movimentos, varre a lua ao espelhar, no portal de minhas emoções, o significado de minhas vertigens e de meus delírios?   
 
Não creio que seja uma advertência ao meu universo sem razão de dor, nem tampouco uma crueldade ao meu vasto repertório lúdico.
 
Bem sei que os gráficos de meus segredos não são específicos e variam de acordo com a vibração sublime dos sons pulsantes da poesia não escrita, no momento sensitivo.
 
Tenho fome de lua. Tenho sede de estrelas.
 
Não por acaso, meus olhos e pensamentos viajam seguindo suas rotas.
 
Gosto da insônia de minha sensibilidade. Ela descongela as distâncias, apazigua as explosões da saudade, minha eterna e multifacetada hóspede, revela-me emoções e sentimentos nunca dispersos de mim.   
 
A linguagem do vento me é intrigante. Sua intenção, nem se fala. Seu contexto diferenciado me confunde. Se em forma de brisa acaricia minha pele e torna leve a minha alma, ao varrer a lua e entranhar no abrigo de meus sentidos escondidos expõe-me nua ao me despir meticulosamente de mim mesma.
 
Por isso eu me pergunto:
 
Qual é a intenção do vento, na noite fria?

Será a de desencantar-me? 
 
Ou a de me deixar com sede e me matar de fome?

Qual será?