O batismo do bastardo

Sei muito bem que hoje não é domingo

Mas, os sinos badalam e não há comércio

O Castelo do Barão está em festa

Os cálices estão transbordando de finos vinhos

Dançarinos e convidados aplaudem

O banquete preparado para o mendigo

Dancem, dancem e comam

Brindem, brindem ao Barão!

É a festa de seu casamento

Roam os ossos enquanto os noivos se retiram

Boa noite cavalheiros, boa noite moribundo!

Boa noite Barão, boa noite Baronesa!

...

A esposa do Barão foi enterrada, morreu de enorme tristeza

E, ninguém se lembra daquele mendigo imundo

Estamos apodrecendo na masmorra

Mesmo assim, sei mais sobre o mundo do que você imagina

Todos os dias, a filha do carcereiro vem me saciar

Saciar a fome, a curiosidade e da sede me livrar

Nessas paredes há páginas de antigos livros

Nelas, estudo os astros e a geografia me desafia

Abdiquei-me de toda e qualquer superstição

Mas, há uma lenda que deve ser respeitada

Não se deve conceber um filho indesejado

Nem em abril, muito menos em março para que não nasça em vinte e cinco do último mês

Talvez, os céus não permitirão esse pecado, talvez...

... Ouça-me desta vez, há um legado:

Um lobo uiva e a criança nasce!

Carregando consigo a “maldição da lua”; nasceu pleno, bem me lembro

Em dezembro, o sol se pôs antes da hora e veio a tempestade de raios, iluminando a aldeia

Na hora do batismo do bastardo, em minha casa, iniciávamos a nossa ceia

*Baseado em: “The Curse of the Werewolf” (1961). Direção: Terence Fisher

Marciano James
Enviado por Marciano James em 27/06/2010
Reeditado em 27/06/2010
Código do texto: T2343498
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