Era uma pessoa que veio ao mundo encantar a vida. Conseguia ver amor onde ninguém via e sonhava como se pássaro fosse. Encantava com olhar e fazia sentir sem tocar. Dizia, enquanto sorria,  que ao nascer começara lutar pela vida, agradecendo pela pouca necessidade de sono. Gostava mesmo era  perde-se em tantos sonhos vivos que dispensava a tristeza como quem dispensa uma visita inoportuna.

      Um dia, vi em seus olhos o reflexo de minha alma tão perdida  e sedenta de vida. Comecei a observá-lo, como se já o conhecesse, como se fizesse parte de meus anseios, de minha essência. Intrigava-me a paz e o brilho que aqueles olhos inspiravam, perturbava-me a sede de vida que aquele homem transmitia. Reflexos luminosos que adentravam sutilmente e que permaneciam como sensação duradoura, extasiante e incompreensível.