Pensamento Emaranhado.

Tarde grisalha e fria de inverno,propícia aos enlevos

do pensamento emaranhado em seus próprios questionamentos.

Podia perceber/perceptar a vida se atirando lentamente

em frente, sempre buscando o que não sabia almejar e talvez

almejando o que não ousava buscar.

O dia passava oleoso,denso em sua solidão requentada.

Talvez fosse tempo de espera, de entresafra de amor.

Quem sabe defeso de pescar sonhos e coletar ilusões

doces de desejos (in)contidos em si de tão intensos/densos.

O vento frio e úmido balançava as cortinas da janela e

da alma (in)quieta e (des)ajeitada em sua espera pelo que

sequer sabia aguardar.

A alma estava em silêncio,torpe/adormecida.

Sentia o coração pulsando vagarosamente, enchendo cada

veia, cada artéria e extravasando emoção agoniada e ansiosa.

A vida apesar de gritar dentro dela, seguia silente e adiante,se

adiando aqui, se adiantando ali...

... a vida seguia vivendo.

Havia um rumo/prumo,que já não sabia decifrar em sua

cartografia do destino.

Um carma sem explicação, sem sortilégios.

Havia uma chegada ao fim.

O fim de mais um dia de frio calor, de seca umidade, de

aniquilante espera pelo que nem sabia ao certo o que seria,

mas ansiava esganar/estraçalhar a solidão que era então a

sua mais frequente e espaçada companheira.

E queria tal qual criança colocar o nariz na vidraça e sentir os

respingos de orvalho se esparramando preguiçosamente pelos

vidros e lembrando que lá fora os pensamentos ainda fluiam

como pipas soltas ao abandono do vento,colorindo de sonhos

as cinzentas rugas de uma tarde de inverno.

Márcia Barcelos.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 05/07/2010
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