Por um lugar ao sol

Sempre fui persistente e jamais deixei-me falecer em meio às lutas, mesmo quando não lutava por mim.

Até que a guerra não era mais pelo pão, pela sobriedade, mas por um lugar ao sol.

Batalha homérica. Terrível! Ardida de morrer !

O espírito imbatível desmoronou igual gelatina numa colher de mãos trêmulas.

Era eu ! Nunca vi coisa igual !

Agora olhando para trás nem eu mesma sei o que aconteceu. Onde foi parar aquela mulher guerreira, forte e cheia de esperança?

Tinha chegado a conclusão de que o soldado perdeu a batalha e retornava igual farrapo para casa. Vida cruel !

E o sol, cruzando o céu, sempre com a mesma luz, o mesmo calor, indiferente aos destroços que naquele tempo eram meu corpo, cansado de guerrear.

E o tempo passou. Já se passaram mais de cinqüenta anos.

Envelheci !

Mas com a idade vem a maturidade, embora ainda a desejar.

E um belo dia o sol brilhou em meu quintal outra vez. E a noite se fez dia de alegria e de festa.

Se conquistei ou não meu lugar ao sol, só o sol poderia falar, mas, que ele vem todo dia no meu quintal trazer-me sua luz e seu calor... Ah! Ele vem !

Maria
Enviado por Maria em 10/09/2006
Reeditado em 17/10/2011
Código do texto: T236753