O lunático sob o eclipse

Você trancou a porta

E estamos do lado de fora

No lado escuro da rua

Acumulando jornais na entrada

E todos os dias o entregador traz mais

Mais e mais jornais; ele vem dobrando a esquina

Há alguém passando pelas minhas retinas

Parece o mesmo da foto da página policial

Ouvimos o trovão e o vento sopra...

... Úmido em nossa direção

Pela janela vejo o lunático mostrado na TV

E, já não penso em mais nada, nem em mim, nem em você

Tudo o que tocamos e vemos

Tudo o que provamos e sentimos

Amamos e odiamos tudo o que nos trouxe a desconfiança

Emprestamos, compramos, damos e retomamos

Em verdade era só uma tentativa de negociar a herança

Na lembrança, tudo o que vimos passou tão rápido

Só o lunático ainda passeia tranquilamente no gramado que aparei

E, nada mais é como antes na rua em que crescemos

Já não me importo com a perda, todos nós iremos embora

Agora, não tenho mais tolerância

Para tocar, sentir e provar, ver, interagir, amar e odiar

E o pequeno Sol alinha-se trazendo-nos um novo eclipse lunar

*Dedicado à: “The Dark Side of the Moon” (1973), a obra-prima do Pink Floyd

Marciano James
Enviado por Marciano James em 24/07/2010
Reeditado em 24/07/2010
Código do texto: T2396906
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