O tolo e a coroa

Você me disse o quão alto era a montanha

E as dificuldades de alcançar-lhe o cume

Os caminhos do perigo nos instigavam

E, não importava os percalços, pedras, desvios e obstáculos

Pensava no clima, você no tempo, além de...

... Tentar me convencer a escalar com você

Sou destemido, já subi além da linha da árvore mais alta

Você, um pouco abaixo da linha das nuvens

De lá, ouvia o som da minha voz pedindo-lhe para descer

Não se comprometer com tanta coragem, não desprezar a vertigem

Enfrentar a multidão, gargalhar no campo de batalha

Usar a coroa ou cair na própria armadilha, o que mais quer provar?

Sei quem ultrapassou todas as linhas sem medo

Sou o marinheiro que ornou a proa com uma carranca

Quem enfrentou, denodado, a multidão incitada

Eu conheço o verdadeiro dono da coroa

Percebo, de longe, quando um tolo usa uma de brilhantes

Tomei o meu corpo em minhas mãos

E, como se estivesse diante...

... Diante de uma obra de arte, regozijei-me!

Afinal, onde aprendi a me conhecer assim?

*A Lima Barreto (13/05/1881 – 01/11/1922)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 25/07/2010
Reeditado em 26/11/2011
Código do texto: T2397927
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