aguardo a Morte

como fazer uma sombra respirar?

os minutos são preciosos

mas nada agrava a memória

como respirar apenas?

todos os caminhos são percorridos

as buscas intensificam-se

o incêndio continua a lavrar

chuva maldita que não cai

tranquilamente a morte vai chegando

num silêncio brusco

pela manhã a sensação é fria

os caminhos abrem-se para a passagem

encosto o rosto à terra

permaneço quieta a ouvir

a relva cheira a jasmim

cheiros diferentes em cada inalação

pelos caminhos já percorridos

a dor não amaina

continuo a pedir chuva

para calar o sofrimento

cada minuto é precioso

nesta vida de memórias apagadas

pelos caminhos da manhã

tento ter uma morte tranquila

Isabel Fontes
Enviado por Isabel Fontes em 14/09/2006
Reeditado em 15/09/2006
Código do texto: T240124
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