Armadilha do desejo

Um dia vou encontrar a cura

A cura para a mágoa, a cura para a dor

Estará em rituais?

Ou no cume do vulcão extinto?

Faminto e sem dinheiro

Gastei tudo o que tinha dentro daquela caverna

Vamos celebrar o controle de mim mesmo

Há alguns metros, vejo a taberna

E me convido a um drink

A esmo, com frio e solitário

Adentro-me na busca incessante de algo

E, pelo espelho da vitrine percebo

Que não ando... Pelo chão molhado, rastejo

Toda terça-feira jogávamos cartas

Apostávamos cervejas no jogo de bilhar

Íamos àquele motel com um enorme neon à frente

Decente, havia nele, perfumados lençóis

Após, voltávamos inebriados para nossas casas

Eu para a minha, de madeira, a sós

Você para a sua, se aquecer junto à lareira

“Meu marido”, você dizia, “é um homem justo, mas muito ciumento”

“Violento? Não, não o acho violento”

“Acho que você sabe o que ele é...

... E o que gosta de fazer quando está sozinho”

... Ouço uma voz trêmula

Que vem do fundo da sala

Eu também tenho algo a dizer

Mas, preciso ver o seu rosto e saber

Se realmente é quem penso que seja

Você só deseja...

Fugir daqui, escapar dessa enrascada

O que fizemos?

Porque adultos não podem brincar?

Se satisfazerem, esquecerem o tempo, subirem ao palco da vida.

E cantarem aquela venha canção conhecida

Por todos seremos julgados, destronados, a uma ilha condenados

Diferente, muito diferente de quando nos fomos apresentados

Havia uma “vontade de possuir” no seu olhar

Um certo desejo, também apetecia-me

Bem vejo... Caímos em nossa própria armadilha

*A Nina Persson.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 31/07/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2409933
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