Imagens.

- Tu vê? Ei seu mau elemento!

(eu olho e respondo.)

- Quié! Sai daqui só vem me fazer perder a paciência.

(um minuto de silêncio e novamente ele grita.)

- Eiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Olha pra mim, tou falando contigo porra! Se faz de surdo ou o que?

(sem resposta alguma ele continua.)

- Me ajuda! Está vendo? Olhe para mim. Ah, porfavor, vamos lá qual é. Você é a unica pessoa que pode contar. Se olhe então! Aí, o espelho está na sua frente.

(com um esforço ponho-me a olhar.)

- É isso aí, vamos olhe-se, estás vendo. Tu precisas de mim tanto quanto eu preciso de você. Agora me diz, o que tu vê?

(o espelho parece sorrir maliciosamente para mim, eu confuso examino os mínimos detalhes do que vejo diante ao espelho.)

- Caramba com você é lerdo! Como eu sou lerdo!

- Cale a boca! Cale a boca! Não aguento mais...

(uma dor insuportável invade minha cabeça, eu pareço sonolento e o tal do espelho me reflete uma triste solidão. Por um longo momento ele se cala, eu respiro e o indago.)

- Não faz isso comigo, olha como estou.

- Não sou eu quem faço nada mané, eu sou você. Você! é quem nos estraga. Olha nosso rosto: olheiras, essa barba mal feita, essas manchas do sol, nosso olhar caído. Abre o olho ô! Tu só me vem com bafuradas de cachaça. Olha teu cabelo.

- CALA A BOCA! Não tem nada de errado comigo, mas sim com você. Eu te odeio, vai embora cacete.

- Só se você for junto!

(bocejei e pude ver a entrada de minha garganta...ele também bocejou.)

- Eai, que me diz?

(impaciente, esmorrei o espelho que transportava aquela voz insuportável, alguns caco caíram ao chão, outro ainda faziam do espelho um "espelho quebrado", meu sangue ficou lá.)

- Eu disse para você calar a boca seu miserável, todo dia essa mesma ladainha, tu não te cansas? Tu é só mais um mariquinha! Um merda, que eu não dou a mínima. Vai pr'o inferno! Car...

- Tu te cansas? TU nos cansa! É claro que não dá a mínima, já fez o estrago mesmo. Lembra-te que eu sou você, e que você querendo ou não eu sempre vou estar com você. Até que um dia tu nos faça parti, e é claro não será tarde.

(o restante do espelho caiu no chão, formavam agora grande caco de vidro em diferentes tamanho, eu os olhava e só conseguia me ver. Ele ria de mim, aquela voz me pertubou, entrou pelos meus ouvidos e logo invadiu o crânio, as palavras se entrelassavam com muita rapidez.)

- Você! Sangue! Me ajude! Olheiras! Cala a boca! Mariquinha!...

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, CHEGA!

(a luz se apagou)

BelraCross.

Belra Cross
Enviado por Belra Cross em 04/08/2010
Reeditado em 05/08/2010
Código do texto: T2419112
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.