Desconheço o motivo
Ontem precisei trocar um eletrodoméstico que adquiri, com defeito.
Fui até à loja, no tempo próprio para troca e me dirigi à sala de entrega dos produtos comprados. Lá, após espera de uns dez minutos fui atendida pelo funcionário responsável por esse serviço. Ele verificou as condições do aparelho, anotou o problema e me entregou uma nota, me indicando o caminho do segundo andar para, no caixa, apanhar outra nota. Depois efetivar a troca final. Assim o fiz.
Enquanto esperava na fila, vi idosos aguardando também. Sugeri que fossem para uma fila menor e pedissem prioridade. Assim o fizeram. Ninguém antes havia se importado. Achei estranho aquilo...nem eles próprios (talvez porque nem sempre são tratados como deveria).
Reparei na vez de atendimento de uma senhora, que pagava uma prestação. Retirou o dinheiro da bolsa com cuidado e meio triste. Saiu da fila, após receber o recibo e sentou-se na fileira de cadeiras vazias de espera.
De repente, ela começou a chorar compulsivamente. Poucas pessoas olhavam para ela, que estava com a mão no rosto e cabeça baixa.
Fiquei mexida com aquela cena. Mas não poderia sair da fila, pois as cadeiras eram mais afastadas e estava quase chegando a minha vez. Vi, então um rapaz se aproximar, falar algo e sair para olhar os móveis e eletrodomésticos expostos no fundo da loja. Não era funcionário. Fiquei a imaginar se era parente, que a obrigava a gastar com sua pouca aposentadoria ou o dinheiro havia acabado e tinha muitos compromissos ainda para cumprir ou outras possibilidades...
O pranto foi diminuindo. Foi um bom desabafo em lágrimas, uma "cachoeira", uma descarga que aliviou a sua alma...
Daí então, levantou-se, limpando o rosto molhado e passando mais próximo de mim, não aguentei e perguntei-a:
"A senhora precisa de alguma coisa?"
Ela me respondeu com sorriso e olhar triste:
" Obrigada, querida...vai passar!"
Essa cena me abalou...mexeu comigo. Assim acontece com muitas que vemos no dia a dia...
Nesse caso, desconheço o motivo, mas desconfio. Existem muitos!