Sentados num banco de praça
Em local arejado e não definido
Ano inesquecível, pleno verão
Conversamos Neruda e eu
Desde criança, desabafou
Por que os imensos aviões
Não passeiam
Com seus filhos?
Ah, Neruda, acho que
Certamente os helicópteros
Ainda não tem asas
Para voar nas alturas
A conversa seguia maravilhosa
Ele, então, falando de jardim
Questionou assim : a rosa está nua
Ou só tem esse vestido?
Como nunca fui jardineiro
E não discuto flores
Parei um pouco e pedi
Um tempo para responder
Agora te respondo com cautela
Ela tem um manto que surge
De vez, tido como coloração
Que muda no fim de cada dia
A hora estava um tanto avançada
E ele se despediu com uma pergunta
Ha algo mais triste no mundo
Que um trem imóvel na chuva?
Eu já tinha como responder
Mas deixamos para o dia seguinte
No mesmo banco, na mesma praça
E no mesmo horário. ( Segue o encontro).