A viagem...

Viajei profundamente para dentro do meu ser buscando conhecer um pouquinho mais de mim...

Viajei como se fosse um "marinheiro de primeira viagem"... que não sabe ao certo por onde irá percorrer, ou o que de fato busca encontrar...

De início... a viagem parecia corriqueira... meio que "sem eira nem beira"... nada de novo parecia mostrar...

Porém, conforme o trajeto ía aprofundando-se, alguns trechos íam clareando-se... nessa estrada por onde pude percorrer, alguns pedágios tive que pagar... algumas paradas tive que fazer... para abastecer-me de força e coragem para só então poder prosseguir...

Muitas paisagens pude apreciar... assim como alguns acidentes também...

Quanto mais eu adentrava... mais eu descobria que menos eu conhecia...

Certo momento da viagem, tive medo... e insegura que estava... tive vontade de parar... desistir... e retornar... Mas, algo mais forte me impulsionava e me incentivava a continuar...

Não é fácil percorrer caminhos antes nunca visitados... e essa era uma viagem que eu só poderia fazer sozinha... ninguém poderia acompanhar-me...

Como em toda viagem, a minha também possuía um roteiro... e após muito transitar... cheguei ao primeiro ponto desejado: O CORAÇÃO... Quando adentrei seu interior, pude perceber que sua porta principal estava emperrada... e teimava em não abrir... fiz enorme sacrifício para arrastá-la um pouquinho e finalmente adentrar... Já lá dentro pude observar que ele estava muito ferido e só então descobri porque insistia em não abrir as portas para que eu entrasse... ele não queria que eu visse de fato como ele estava machucado... Conversei bastante com ele, na intenção de aliviar-lhe um pouquinho... fiz-lhe alguns curativos... Mas suas batidas ainda descompassadas me mostraram que os ferimentos por muito demorariam a curar-se... Despedi-me um tanto triste, desolada e sem muitas esperanças... Pois, descobri que quando um coração está ferido... o melhor é deixá-lo sozinho... quietinho... sem pertubá-lo...

Saindo do coração... o segundo e último ponto de parada era um lugar um tanto complexo... quase um labirinto, chamado: CONSCIÊNCIA...

Ao chegar na consciência encontrei quase todas as portas abertas... Lá pude encontrar muitos "ambientes"... cada um cuidava de uma "área"... Porém, a lei existente em todos locais era a mesma... e nada passava impune ou despercebido... fosse bom... ou ruim...

Na consciência não há corrupção ou falcatruas... ela age com justiça e cobra incessantemente, caso haja alguma "falha"... Ela não perdoa... fica dia e noite lembrando o que precisa ser "corrigido"...

Nessa viagem que fiz na consciência, descobri que as lembranças podem levar-te ao céu... ou arrastar-te ao inferno... E que a tênue linha que divide esses dois lados é simplesmente separada de acordo com a intenção com a qual você vive a sua vida...

Ao sair da consciência... voltei para fora de mim... e uma grande lição aprendi... que: um coração ferido carrega dentro de si toda a emoção que uma consciência quase sem razão se permitiu investir... Pois, o amor tem dessas coisas... quando ele passa pela gente... viajamos dentro de nós mesmos... e é em gritos que a nossa emoção nos cala a razão...

O coração pode até estar ferido... a consciência firmar-se na justiça...

Mas não se vive nessa vida... quem não sentir-se acusado pela razão ou quem não extrapolar na emoção!!!

Doce Solidão
Enviado por Doce Solidão em 17/08/2010
Reeditado em 17/08/2010
Código do texto: T2442993
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