ENTRELAÇADOS

Imperatriz no Maranhão, precisamente dia vinte e oito de outubro de mil novecentos e setenta e nove...às dezesseis e quinze minutos, numa sala , não me lembro se foi em casa ou no trabalho, eu escrevia esta prosa poética. Momentos de devaneios, de anseios, de saudades da família, de um grande amor que não dera certo.

Tão distante o tempo naquela noite de lembranças, após uma tarde calorenta...lembrei-me que foi naquela festinha, você me convidou para dançar e eu fui...juntinhos ficamos, sentindo todo o calor do amor e do desejo incontido, muito transparente nas nossas faces....nossos corações batiam tão forte, a boca secava-se a cada pulsar deles...como se ali naquele momento mágico nós fôssemos parar de respirar! que agonia...quanto desejo de estarmos tão bem próximos, que se pudéssemos parar o tempo, com certeza pararíamos...tudo...

Seu rosto, coladinho ao meu, num suor aparente...teu perfume confundia-se com o meu...e aquela música dos PHOLHAS, trepidando num romantismo imcomparável, ao ponto de invadir nossas almas...nossos pensamentos...e a cada momento ali passando, nos deixávamos envolver sutilmente...imberbe...mas de uma tal maneira...que àquela altura, nossas vidas já entrelaçaram-se e, nesse frenesi que só nós dois sabíamos do que se tratava, de repente um beijo sai...e a minha alma meio confusa passara para o teu corpo e a tua para o meu....como se fôssemos uma só pessoa.

Nossas emoções já não se dividiam, elas nem tinham mais seus donos...perderam-se de vista, como se o tempo fosse parar ali...nós nos olhávamos...nos fitávamos...trocávamos baixinho juras de amor...não nos importávamos mais com os convidados daquele aniversário festivo...ali bastava nós, o chão era só nosso...era o espaço que precisávamos para dançar...como foi maravilhoso dançar com você meu grande e inesquecível amor...nosso envolvimento total...nossos pensamentos iguais...bastávamos só nós...ninguém mais...e os convidados como se fôssem cúmplices, procuravam fingir ante a nossa performance, deixando-nos à vontade, à mercê de tão puro sentimentos...

Mas a sensação e o calor de nossos corpos era o que mais nos importava...era bom demais estar com você...compartilhando de um momento único...ímpar...tremíamos...e num desejo ardente, você me beijava...docemente...e aquela vontade de dizer aos quatro cantos do planeta, era latente...tão grande que não dava pra fingir que nos amávamos...imaginávamos que o entrelaçar dos nossos sentimentos, e das nossas vidas, era tudo que nos importava. Ali...bem juntinhos...entrelaçados...

________Imperatriz-Ma, 28/10/1979___________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 22/08/2010
Reeditado em 22/08/2010
Código do texto: T2451925
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