O inacabado

Às vezes quando o sol se põe tenho a ligeira sensação que a vida por um instante traz nas penumbras o passado. Este, embora, não exista mais, e este que ficou no tempo, impossível de ser transgredido ou violado, é capaz de se arremessar sobre os nossos pensamentos e por alguns instantes se reencarnar. E por milésimos de segundos nos faz reviver com alegria ou tristeza momentos, palavras, gestos, sorrisos e dores. E essas dores que demoram a passar, que ficam latejando no peito, e quando já está tudo acabado, por fim encerrado, teimam em retornar, essas dores que fragilizam ou fortificam , deixando-nos vulneráveis ou preparados às novas sentenças em novas situações, diferentes das antigas, mas que amedrontam uma estranha alma peregrina. E esse caminho que nunca chega a algum lugar, e esse caminho que ainda pedregoso demais, insiste em colocar pessoas, multidões, perguntas sem respostas,ou mesmo essas sempre existam simplesmente só por existir dentro de cada um ser. E esse ser ainda pouco humano, com espinhos a cortar e flores a brotar, e belos jardins a florescer. O que quero eu não consegui dar um nome, o que quero vejo de mim tão distante, esperando-me ao final desta jornada, que longa ou pequena ainda não sei como será. E tudo que eu já andei, por muitas vezes valeu a pena, outras vezes não. Esse mundo é muito confuso, difícil de explicar, tantas voltas, tantas idas, um mundo ainda inacabado, e tudo isso é muito grande, imenso por demais, tanto que pouco posso alcançar com minhas mãos. E essas eu sei serão as que me darão forças para ser bem mais do que aquilo que eu julgo ser, e um dia as coisas para as quais são tantas a buscar, serão bem melhores do que como planejei encontrar.

Carolina Oliveira da Silva
Enviado por Carolina Oliveira da Silva em 27/08/2010
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