Redescobrindo o amor

Inapto considerei este ser um dia para regatear novamente os pitorescos adejos deste pobre coração solipsizado pelo tédio de não amar. Sabendo que, dessa insensatez esquálida e deletéria, que outrora houvera experimentado, sem proventos ou consecuções, nada aproveitei exceto que tornei-me provecto da dor, abrigo para idéias suicidas, sem, no entanto, suicídio e disseminei, em minha mente, o talento proxenético, um verdadeiro rufião, esquecendo de mim mesmo, abdicando as ardências lúbricas advindas de meu afogueado coração.

Entretanto, por uma sinecura do destino, talvez, surge em minha lastimável vida pictórica, como que por súbito, uma alma singela, rica em ternura que, sem mover uma só palha, consegue acender meu esmaecido desejo de ser alguém para alguém novamente.

Sem confirmação nenhuma da reciprocidade do que está diante de mim, tornei a amar sem parcimônia.

Abjurei minha determinação de permanecer só até o fim dos tempos e, mesmo que assim o faça, farei com você em meus mais intrínsecos pensamentos.

Não espero resposta. Não espero retorno. Na verdade, não espero mais nada, pois, o que me proporcionaste já fora mais do que o suficiente. Mais do que almejei experimentar em toda minha ignóbil vida. Muito mais do que cem anos de vida em mil haréns encantados poderiam refestelar. Mais do que mil vezes mil o que sinto por você é a satisfação e o prazer que me dedica ao ler este humilde e retesado risco. Enche meu peito de gratidão.

Agora, para que possas dormir em paz, despeço-me solenemente, desculpando-me por cortejá-la tão abruptamente, sei que o que sinto é forte, mesmo assim, não me dá o direito, mesmo assim, sabendo eu da reação por ele causada, poderia escrevê-lo novamente, mil vezes, se necessário fosse.

Pensarei em ti a cada pulsar.