Bocas

Lindas bocas, bocas nuas

à darem-se para tudo,

ainda com cheiros tantos;

tontos todos que as beijaram.

Lindas bocas, nuas, roucas,

à despirem-se despudoradas,

em beijos longos e molhados;

melados das línguas ávidas,

impávidas as embrenharam.

As bocas todas eram santas,

tantas eram putas loucas

que um dia se emprenharam

nas salivas daquelas bocas.