Cogito ergo sum

Romeu Prisco

Privem-me de tudo, menos do pensamento ! Sem ele não sou nada, não sou ninguém, não existo. Privem-me dos cinco sentidos, mas, deixem-me o pensamento, que, com ele, continuarei vendo, ouvindo e falando, respirando, degustando e tateando.

Só verei paz, no lugar de guerras, fartura, no lugar de carência, saúde, no lugar de doença, escolas, no lugar de hospitais e cadeias, amor, no lugar de ódio, coragem, no lugar de covardia, alegria, no lugar de tristeza, claridade, no lugar de escuridão, riqueza de espírito, no lugar de pobreza d'alma.

Só ouvirei os sons dos sinos, no lugar de buzinas e sirenes, música, no lugar de apitos, cantares dos pássaros, no lugar do ribombar d'armas, palavras de carinho e afeto, no lugar de ofensas, declarações de amizade, no lugar de falsidades, elogios, no lugar de reprovações, acordes da natureza, no lugar de ruídos urbanos, preces, no lugar de pragas, chamados do Senhor, no lugar de apelos do diabo.

Só aspirarei aromas, no lugar de odores, só sentirei sabor de mel, ao invés de fel, só apalparei a rosa, longe dos seus espinhos.

Só terei dificuldade, mesmo, para escolher o tema das minhas crônicas.

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