A DESPEDIDA
Já era de noitinha, ela chegou na pracinha jun-
to com a amiga, eram tão meninas ainda! Onze
anos apenas...Ele veio, chegou pertinho, come-
çaram a conversar, e então pediu para namorá-
la, ela disse que não seu pai não permitia, a fa-
mília dele estava de mudança, iam para longe
dali, aquela cidade onde ela havia chegado com
três anos de idade e ficava no interior de São Paulo:
Piedade...
Ele era um rapazinho de treze anos, moreninho,
uma graça! E ela uma menina que estava come-
çando a entrar na puberdade...
Mas a separação era inevitável, mesmo naquela ida-
de eles tinham consciência do que ia acontecer.
Trocaram fotografias, se despediram e cada um
tomou seu rumo.
Então foi a vez dela ir embora de lá. Seu pai mudou
de emprego, voltaram para sua cidade natal, quase
na divisa de São Paulo com Minas Gerais.
Os dois jovens viram-se mais uma vez apenas num
carnaval lá em Piedade dois anos depois, rapidamente,
conversaram um pouco, foram passear com amigos,
e se despediram para sempre...
Mas na memória dela ficou guardada aquela figura
do menino moreninho...nas festinhas infantis,
nos desfiles de sete de setembro e vinte de maio,
nas festas caipiras da escola, na hora do recreio,
em que se encontravam...e se olhavam...
Hoje ele é engenheiro numa outra cidade do interior
de São Paulo, e ela nada mais sabe a seu respeito...
E as vezes aquela lembrança volta...dentro do seu
ser, dentro de sua alma...Uma suave lembrança, tão
calma!