ONDE SEMPRE QUERO IR

Venham... venham relâmpagos, e raios, e coriscos

Fustiguem e habitem este eu inacabado

Entrem pelas janelas sem vidraças

Pelas portas escancaradas,

Pelas paredes sem telhado

Estalem tudo... partam tudo... arranquem tudo

E deixem nada em todo o lado!

Atirem-me à vontade as tais pedradas.

Ah!... arranquem, arranquem tudo e estilhacem...

Estilhacem os vidros que não houve

Arranquem as cortinas que não há

Sim!... massacrem-me os ouvidos com satânicas gargalhadas.

Dobrem-me os caminhos que por mim tão desvendados

Os meus passos percorreram já mil vezes

Em estradas poeirentas... enlameadas

Pelos montes, e serras, e quebradas

Fizesse chuva ou mesmo vento.

Troquem-me as voltas. Sim, troquem-me as voltas

Enleiem-me em vossas curvas mal traçadas

Tentem que não seja o que sou, que meus passos me levam,

E levarão,

Onde sempre quero ir... (e sei que vou!).

Eu prefiro, eu defino, eu restrinjo, eu escolho...

E nas derrotas é que avanço!

Mas recuo tantas vezes apesar da minha idade

Pois saber reconhecer que se perde, é que é ser Homem!

E chorar também é de Homem!...

E parto, e começo, e recomeço outra vez de renúncia em renúncia

E luto, e esfrangalho este meu ser na procura da verdade

Luta em luta mesmo até que perca a guerra

Não sou homem para perder e ter descanso.

Muito menos para perder ou ser vencido...

Lutei, e luto sempre, e aguerrido,

E lutarei...

Ainda que de Nenhum-Reino eu seja Rei.

Alvaro Giesta
Enviado por Alvaro Giesta em 28/09/2006
Código do texto: T251513
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