Agora

Agora, nesse instante de dimensão nula, funde-se tudo o que posso.

Amanhã, depois, daqui a pouco; não os toco senão com a mente.

Tudo meu de fato, ancora-se nesse infinito presente, que ora experimento.

Até o grandioso amor,do passado é saudade , é triste , o do porvir, é quimera, desejo impreciso. O toque, mesmo que através da mente, o sentir atual, o estar, é a única verdade sensível.

Não posso deixar passar o agora, sem que ele valha algo. Seria perdê-lo eternamente.

O presente não morre nunca, mas substitui-se diuturnamente. O que é , não deixará jamais de ser, mas transmutar-se-á em mero pilar dos próximos ágoras, a aportar em minha vida. Impossível desdenhar do passado ,se hoje é soma direta dele. Tampouco desvincular-me inteiramente do futuro. Ele é minha bússola, minha meta maior.

Contudo, viver é estar aqui, agora. Há elos capazes de levar-me a apreciar tempos distantes, mas configura-se apenas de saber deles , porém, não trata-se de sentí-los.

Preciso do máximo de consciência acerca do meu instante e de suas ramificações na arvore do tempo, do todo, porque somente agora tenho acesso as alavancas movedoras reais de minha vida.

Não alcanço, deveras, mais do que aquilo que o agora me estende.

È somente por ele que teço o futuro, e valído o meu passado.

Enquanto penso, o agora subsiste, entranha-se indelevelmente em mim.

Mas só agora.