Companhia Abstrata.

Há dias encontro-me distraída, desatenta. Sobre tudo o acalento que paira sobre diante de meus olhos me deixa assim... Em uma profunda e estranha companhia abstrata. Quem é ou o que é que tal feito pacto que me ponho a olhar, com esse olhar que percorre todos os lugares, mas nada vê; Por mais que procure o que enxergar, eu encontro sempre o lado abstrato da vida. Mundo que talvez gostaria de deleitar, mas por inúteis demências do não querer acreditar é o que me faz ainda ficar parada e emudecida, com os olhos arregalados olhando o quem ou o que, que por mais louco que possa parecer, existe.

Eu vejo! Eu vejo aquele nada, que é na verdade tudo. Sem contar que faleço a cada instante dessa enigmática façanha; Poderiam então outrora ter-me fabricado errado, ou são somente os meus olhos hipnotizados por falsetes?

Eu nunca estou totalmente só comigo mesma. Meus olhos são como porta e meu pensamento delirante é a chave dessa porta, a chave que abre a porta dos olhos de outra face. Mas eu não consigo entrar... Apenas um instante qualquer consigo olhar. Será que essa companhia preserva tal caso ou será que goza de mim feito tola sem ter aonde ir em pensamentos!

Eu vejo aquilo que não está aqui, eu posso ver, mas não posso ter. Porque em vãos momentos me despertam e assim volto a ver todas as coisas normais da vida.

Belra Cross
Enviado por Belra Cross em 03/10/2010
Código do texto: T2535865
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