Tranças

Neste canto, onde estou, refaço minha histórias, me descubro tantas vezes, uma fera ferida,

que aprendeu a lamber as próprias feridas.

E raramente me encontro bandida, não roubei corações, não transgredi paixões, não!

Apenas segui amando, um amor tantas vezes amargurado, outras vezes esse mesmo amor me fez ser dona de um fogo assustador.

Encontro lembranças que deixei num canto qualquer, amontoada entre outras tantas lembranças de mulher. Lembrei da trança longa, que me enfeitava as costas até à altura dos quadris, e mais..mais poesias que nunca entreguei por insegurança ou covardia, Eu já não sei.

Sei que já não caibo mais no velho jeans, e a meu quimono está embolorado, meio incardido, e os golpes agora quem dá é a própria vida e eu revido como dá!

Assim nessas lembranças, a correria dentro do metrô pra faculdade, e as viagens que eu fiz, pra ver o mar que eu descobri lendo Camões, fazem meus olhos marejar nessas ondas que ficaram para trás, e me trouxeram outras realidades, filhos, cidades, conflitos resolvidos e outros momentos felizes que eu deixo na reserva, quando quase perco a esperança de que a vida seja apenas Essa!

E sempre, eu sei que sempre, esse é aquele mesmo amor e vai acabar me achando nas lembranças que eu deixo, nas frases que escrevo enganando a dor, a rotina o amadurecer, essa saudade de não ter laços..apenas os laços de fita que carrego sempre comigo nas tranças que eu não consigo desfazer

Cristhina Rangel. .

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 04/10/2010
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