Último Mergulho.

Eis-me aqui...

No mar do tempo...

Nadando em busca de alguma ilha...

Perdida na imensidão de toda esta confusão...

Forçando as braçadas na vã esperança de não me ver afogar...

Quando o oxigênio porém por fim me faltar...

Mergulharei nas profundezas deste oceano...

Ansiando alcançar a “Atlântida” perdida...

Submersa quem sabe na imaginação dos rudes homens de antanho...

Reencontrando filhas desaparecidas...

Desobstruindo filas...

Desmascarando burocratas homicidas...

Reconstruindo vilas...

Esquinas do dia-a-dia...

Mergulharei reforçado...

Com os olhos em derredor...

Musculatura rija...

Desinteressado em sem dor...

Feito um cão sem dono, em busca de sua porção diária de salvação...

Indiferente!

Indiferente!

Abraçarei a vida com a força tremenda de quem viu a morte a espreitar-lhe num último raio de sol...

Numa fria tarde divinal...

Sem horror!

Sem horror!

Abandonando todo tipo de sofreguidão!

Todo tipo de angústia...

De ilusão...

Mergulharei, então, até o estertor, rumo aos jardins de Santo Antão...

O qual me dará o olhar para a visão...

O perfume para a respiração...

O sabor para a degustação...

A boa música para a audição...

E o amor para este coração desenganado...

Sem dor...

Sem dor...

Savok Onaitsirk, 05.12.05.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 07/10/2010
Código do texto: T2542397
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