Último Mergulho.
Eis-me aqui...
No mar do tempo...
Nadando em busca de alguma ilha...
Perdida na imensidão de toda esta confusão...
Forçando as braçadas na vã esperança de não me ver afogar...
Quando o oxigênio porém por fim me faltar...
Mergulharei nas profundezas deste oceano...
Ansiando alcançar a “Atlântida” perdida...
Submersa quem sabe na imaginação dos rudes homens de antanho...
Reencontrando filhas desaparecidas...
Desobstruindo filas...
Desmascarando burocratas homicidas...
Reconstruindo vilas...
Esquinas do dia-a-dia...
Mergulharei reforçado...
Com os olhos em derredor...
Musculatura rija...
Desinteressado em sem dor...
Feito um cão sem dono, em busca de sua porção diária de salvação...
Indiferente!
Indiferente!
Abraçarei a vida com a força tremenda de quem viu a morte a espreitar-lhe num último raio de sol...
Numa fria tarde divinal...
Sem horror!
Sem horror!
Abandonando todo tipo de sofreguidão!
Todo tipo de angústia...
De ilusão...
Mergulharei, então, até o estertor, rumo aos jardins de Santo Antão...
O qual me dará o olhar para a visão...
O perfume para a respiração...
O sabor para a degustação...
A boa música para a audição...
E o amor para este coração desenganado...
Sem dor...
Sem dor...
Savok Onaitsirk, 05.12.05.