Inquietude

Escrevo teu nome em papéis coloridos, em paredes de banheiros sujos ou nos espelhos dessa minha solidão. Pois é em vão, nada se modifica.O mistério do silêncio me atordoa e fico aqui dançando no nada, pra ver se acontece. Pois é em vão, nada se move. Olho o horizonte para tentar descobrir de onde venho. Pois é em vão, nada percebo. Se o que digo não faz sentido, não se preocupe, pois já não me importo em ser antiquada ou suicida, faço menos mal que teu cigarro e sei que ocupo menos espaço que tuas tresloucadas idéias extremistas. Enquanto ostentas tuas armas brilhantes, calo-me revelando, inevitavelmente, olheiras fundas de olhos castanhos e opacos. Esgotada por tentar ser e não ser, deixar de supor ou sentir, cessar angústias, fazer parte de memórias, talvez mudar radical e inteiramente por ti. Tudo que tocas vira belo, tudo que vejo transforma-se em cinza. Tua exuberância multiforme, minha insignificância comum. Teu olhar simplesmente onipotente, meus lábios completamente insípidos. Tua existência ímpar, meu íntimo sôfrego.Sei que conheces as vitórias dos perfeitos, és anjo - não daqueles de Drummond, tortos que vivem nas sombras – iluminado e indestrutível, puramente imortal, escandaloso, fluorescente, famigerado, furta-cor, bêbado, insano, completo idiota...

Ana Carolina Farani
Enviado por Ana Carolina Farani em 02/10/2006
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