EXPECTATIVA

Solitária em seus pensamentos, ela tira o fino vestido em frente ao espelho do seu quarto e exibe todo o frescor do seu corpo nu. Naquele exato momento, ele é tomado de um desejo ardente, motivado pela mente que sonha com o passado - ainda recente -, e sente, com esse pensar, estremecer o seu corpo pedinte. A alma cativa - a que ela deu para ele -, permanece inviolável, e o seu coração afetuoso, que ainda abriga aquele indestrutível amor - cada vez mais latente -, teima em não deixar aflorar a paixão avassaladora que se acumula em suas profundezas mais secretas, embora sabendo que não adiantará mais lutar contra a fantasia feita da chama incandescente da paixão. Sabia, desde o início, que o seu querer seria eterno. Mas, tentou lutar contra ele, com todas as forças racionais ao seu dispor. Não estava conseguindo. Olharam-se, carne e alma - mais uma vez no espelho -, e viram, naquela silhueta que lhes pertencia, a saudade cada vez mais crescente - em antítese à ausência do prazer que tanto se ressentia agora. E, diante da expectativa desse reencontro iminente, a sensualidade da sua matéria – armazenada no coração - vibra pelo homem ausente, porém, prestes a retornar. Sorriu um sorriso de cumplicidade e malícia. E pensou: nada havia mudado para ela – nem seu amor, nem seu cobiçar e, muito menos, a sua paixão. Tudo estava voltando, de repente, para onde nunca deveria ter saído, refletiu. Afinal de contas, concluiu: alma e corpo anseiam por um presente. E esse pretender só tem uma direção: reviver, intensamente e em sua plenitude, esse grande amor.





Obs. Imagem da internet


Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 12/10/2010
Reeditado em 17/04/2011
Código do texto: T2552024
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