Outro café, por favor, querida

Por favor, traga-me outro copo de café

E algo para comer, minha querida Sarah

Até Durango, o caminho estreito é longo, árido e frio

Entenda-me, devo descer pelo vale e seguir a estrada rumo à vila

Depois da tequila, faz-se a hora de partir, sinto uma dor tremenda

Jamais receberei uma correspondência sua

Sei que não lê e nem escreve, sua escola foi a Cantina

Em sua estante nunca houve livro algum, só copos e garrafas

Mas, como sua mãe, conhece muito bem o futuro

E, ele está escrito, na palma de minha mão direita

Seu pai lhe ensinou como conduzir o teu pequeno reino

E, manuseia uma faca como ninguém nesse vale árido

Nunca atingirei as profundezas do seu coração

Ele é negro e denso como o oceano

Quando estamos juntos, não há limites para a satisfação

Solitário, deitei-me numa duna e olhei para o céu

Não havia uma nuvem sequer e meus olhos arderam

Muito fácil contemplar, impossível definir...

... O firmamento, a criação, lagartos e abutres

Todos estão ao meu redor, me esperando sucumbir

Você sempre esteve próxima, sempre ao meu alcance

Agora, como o cheiro do mar, está tão distante

Será que um dia, sentirei novamente aquele cheiro?

Você vinha dourada, em minha direção, toda molhada

E, ao crepúsculo, sentávamos e bebíamos protegidos pela enseada

Por favor, traga-me outro copo de café

E algo para comer, minha querida Sarah

A estrada é longa e fria até Durango

E, faz-se a hora de partir

Descer pelo vale para meu caminho seguir

*Baseado em: “One more cup off coffee”, de Bob Dylan

Marciano James
Enviado por Marciano James em 12/10/2010
Código do texto: T2552685
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