POEMA DE AMOR
 
Não sou uma fera, ofereci meu corpo com quem doa suas mãos a poesia. Meu amor emerge do seu olhar, sua voz sincera, canto pelos cantos um grito solto de agonia. Tens o dom de ser humana, muito mais que mulher, pois que me acode em meu leito, mesmo estando você em outra história. Se eu mereço uma referência, diga apenas que sou fiel ao destino, carrego comigo todas as lembranças de uma noite apenas, enquanto crio versos imaginários de uma vida combinada, sua caridosa alma e meu apaixonado espírito. Somos uma história de verdades não contadas, de disfarces amenos, como proteção das rochas defendendo o mundo do perigo. Suas ondas não ferem meu corpo, sua fragrância embebeda minha consciência e crio no imaginário um conto que jamais terá nascido. Nem almas gêmeas nem água no vinho, apenas dois corações que paralelamente vivem seus destinos, como quadro surrealista na parede, apenas sonho de paixão, que irremediavelmente morrerá sem ter nascido. Deixo então meu poema de amor para quem disser seu nome, semear minha terra com a semente do seu fruto, e desenhar seu rosto em tela, ainda que você não exista.