Um dia lhe prometi um poema, lhe prometi dois, prometi ate poetar voce todo, lhe fazer meu poema vivo, meu poema andante. Mas, poema não se faz, se expele quando ele está pronto, se pari quando ele matura. Só aí ele toma forma, vira ser vivo, e, as vezes se vai para nunca mais voltar. E, não quero que voce, que ainda não veio, se vá.
        No entanto, sei que voce merece um poema, mil poemas. Pensar em voce, me faria escrever. Pensar no seu corpo, na sua alma, me faria escrever, e, não acontece. Continuo estática. Mesmo sabendo que a distancia não consegue fazer de voce um quadro inerte de computador, mesmo voce conseguindo me tocar através da fria máquina, sentir-me, mesmo a quilômetros de distancia, mesmo conseguindo sentir seu cheiro, seu hálito, continuo sem parir.
       Eu quis lhe fazer um poema. Seria cheio de paixão, de ternura gigante, doce como o mais doce mel, mas eu não fiz. Eu escreveria um agradecimento por ter me feito acreditar que a felicidade existe, mesmo depois da tempestade. Diria o quanto agradeço por todos os momentos que estivemos a confidenciar nossos mais escabrosos segredos, quando desnudamos nossas almas, á guiza de encurtar nossas distancias. Eu escreveria laudas e laudas só reafirmando o grande amor que tenho guardado em mim, só para voce. E, depois de tanto escrever, descobriria que nada disse de tudo que tenho para lhe dizer.
      Juro, eu tentei, mas não escrevi seu poema. Não sei se por medo da perda, ou apenas por ter secado minha inspiração, deixo-lhe sem poema, nú de poesia.
      Quem sabe assim, fique do meu lado á espera de um dia virar verso.
       Perdoa, amor.