O DESFILE DA MISÉRIA.
Manoel Lúcio de Medeiros.
O vento gélido oscila, gera pedras opacas,
A noite sombria dorme no espaço aberto,
Lençóis de trevas cobrem campos desnudos,
E o tempo obscuro patrocina o mal incontido,
Na sombra da morte, gatilhos assaltam!
Enquanto milhares usufruem o sono da fadiga,
Transeuntes noturnos são vitimados à força,
Sob arquitetadas tocaias são despenados!
Homens réprobos, sanguinários enxameiam;
Há horror em cada esquina, um mundo abissal!
E o despojo infame sega vidas na resistência,
A terra sedenta bebe o sangue hemorrágico,
Enquanto gemidos se perdem na escuridão;
A roda do mal gira em torno da terra indefesa!
A segurança e a paz se despedem no pôr-do-sol!
A miséria da vida desfila no palco da morte,
A impunidade e a injustiça espreitam o mal,
Jornais deflagram terrores e tormentos,
Sete cabeças imergem o sono da separação;
Crânios traumatizados jazem ao toque da luva!
A violência é tumor maligno na pele do povo,
É preciso extirpá-lo com o bisturi da justiça!
O direito clama o cumprimento da lei violada,
Enquanto a corrupção corrói como ferrugem;
O sol se fecha às indecências dos poderosos!
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