Por tudo que o amor pode ser

 
Por todas as possibilidades que nos concedemos,
Na seara do amor, cestos fartos de cotidiana vivência,
Por todo e cada acontecimento do amor,
Eu sei, eu quero esta acontecência,
Quero este íntegro e retalhado amor...
 
Tenho medo,
Acordo assustada nas noites que nem durmo,
Olho a porta fechada,
Vejo-te dormindo,
E te sinto se fechando para mim,
Não quero,
Grito em silêncio, me desepero...
 
Porque te tenho amor,
Amor incompleto e que não me cabe,
Amor repleto e desacertado,
Que pede o aceite,
Que quer só o revide do teu.
 
Eu te amo,
Amo tudo e cada coisa,
Amo tudo que é objeto de ti,
Incluindo doces e amargos,
Certos e errados,
Inteiros e triturados,
Porque amo o absoluto do teu ser.
 
De ti, amo as rugas precoces,
Os brancos quase em prata,
A voz que me atormente,
A clemência,
O desassossego...
 
Amo o que te faz diferente,
A obra que tu fazes,
A cor dos teus dentes,
O amassado da camisa,
Amo teus imperceptíveis detalhes.
As sandálias de borracha, gastas...
 
Amo-te quando faz guerra,
Quando em ti não mais te conténs,
Amo tua insônia intermitente,
E teus infinitos cafés, quer frios ou quentes,
Amo quando de mim te fazes ausente.
 
 
Amo teu ranço, tua acidez,
Amo tua eloqüente lucidez,
Amo quando superas tudo que de ti espero,
Amo tuas renovação e insensatez...
 
Eu te amo sempre e de quando em vez,
Eu te amo juventude que exacerba,
Amo-te pelos dias todos de comiseração,
Pelos perdões pedidos sem razão,
Pelos pecados loucos da paixão.
 
Eu te amo na plena inconsciência,
Amo no amor que sei, se delimita,
Te amo antes mesmo da chegada,
E mais te amo quando a partida é anunciada.
Eu te amo amor firme, rocha quase quebrada,
Amo as fagulhas das farpas contadas,
Eu te amo, um amor consolidado,
Uno,
Inquebrantável...
 
Amo esse teu amor vacilante,
E amo o meu vacilante amor,
Mas amo com fé, agarrada ao fio dependurado,
Quase partido,
E quero me despedir dessa possível dor.
Eu sei,
Este amor resiste agora, ainda que ferido,
Magro e desenxabido,
 
É o meu amor por ti, faminto e obstinado,
Que vigorará independente de qualquer agrado,
E restará amor até o final,
E assim quando esse fim restar ultrapassado,
Continuará amor de mim,
Sim...
Amor depois do fim,
Perdurará além do invólucro que me comporta e me compõe,
Viverá...
 
 
Viverá...
 
 
 
# Inspirado no mote de hoje do POE, cujo tema foi: “Quando o amor vacila”, poema de autor desconhecido, contido no DVD do Show Maricotinha, ao vivo, de Maria Bethânia.
 
 
 

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 09/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2606688
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